Nascido aos 11 de novembro de 1949,
no município de Mandaguari, padre da Paróquia São Pedro Apóstolo desde 1990, membro
da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o pároco logo se envolveu com os problemas
enfrentados pelos bóias-frias da época, objetivando mudar a estrutura de
trabalho oferecida pelas usinas.
O
resultado da ação mudou o relacionamento entre as destilarias e os
trabalhadores rurais, que passaram a ter direitos respeitados. A partir de
Ivatuba, todo o estado passou a ser exemplo para o país na relação entre
usineiros e cortadores-de-cana, após a mobilização da CPT, que culminou na
interferência do Ministério Público, Ministério do Trabalho e Polícia Federal
“Fizeram
um arrastão em todas as usinas do Paraná e tudo o que estava irregular foi
corrigido”, conta Padre Zenildo.
O
processo foi trabalhoso, e além de várias reuniões com representantes de
usinas, foi preciso alfabetizar a maioria dos bóias-frias. “Confeccionamos
panfletos com os direitos dos trabalhadores para que tivessem acesso a essa
informação, e quando fomos distribuir em São Pedro do Ivaí, por exemplo, de
cada dez, oito não pegavam o material. Fomos saber, e a maioria não sabia ler”,
diz Padre Zenildo, que na época, para ter uma ideia da dimensão do problema,
pediu ao IBGE dados populacionais sobre as cidades de Bom Sucesso, São Pedro do
Ivaí, São João do Ivaí e Lunardelli.
Segundo
o padre, a realidade assustou ao mostrar que na eleição para presidente da
República, em 1989, a média de eleitores nessas cidades que votaram como
analfabetos ficou entre 40% e 66%. Para contornar o problema foi então criado
em 1993 um projeto de educação para esses trabalhadores rurais que logo de início
se mostrou promissor, quando foram abertas 115 turmas nas regiões de Londrina,
Maringá e Umuarama. “Assinei um convênio por um ano com o Governo Estadual e
tive 119 funcionários em meu nome. Naquele ano, rodei 45 mil quilômetros por
todo o Paraná e ainda sendo pároco em São Pedro do Ivaí. Durante a semana era
estrada e, aos nos domingos, missa”, relembra ele.
Padre
Zenildo deixou o projeto ao final do convênio, mas tomou o cuidado de montar
uma associação para continuar com os cursos, que por mais 12 anos seguiu
alfabetizando aproximadamente 50 mil trabalhadores rurais. Por dois anos
seguidos, o projeto foi ganhador do prêmio de melhor programa de educação de
adultos do Brasil, servindo inclusive de base para a implantação do Centro
Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos (CEEBEJA).
Disponível em: http://docs.portalagora.com.vwi.com.br/edicoes/2014/JornalAgora64.pdf
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